Resenha: Charlotte de Rafael Lovato

Romance. É uma leitura sensível, bonita de ler e com um final que deixou meu coração quentinho, feliz, com a certeza de que Charlotte conseguiu encontrar seu verdadeiro legado. Uma obra escrita por um homem que consegue tocar nossa alma feminina de maneira majestosa.

Sinopse

Para a alta sociedade inglesa, Charlotte vivia um conto de fadas: 39 anos, linda, mãe de dois filhos exemplares, casada com um Lorde escocês, morava em luxuosa mansão e passava seus dias entre trabalhos voluntários, salões de beleza e shopping com amigas.

Todos desconheciam, entretanto, que ela não mais tolerava a posição de troféu masculino passivo de seu esposo, Connor, único homem de sua vida. Ela não aguentava mais sufocar seus desejos de independências financeira e sexual. Não queria mais carregar o legado das mulheres Barton, simbolizado pelo anel de diamantes herdado de sua bisavó. Legado, este, que sua controladora mãe não cansava de repetir: “O papel da mulher Barton é manter a família hígida, ser temente a Deus e conservar o marido que possui.”

Um desentendimento com Connor culmina com Charlotte indo, a contragosto de sua mãe, temporariamente morar em Londres com Chloe, sua amiga de adolescência. Chloe a incentiva a terminar sua formação jurídica e buscar libertação sexual. Em Londres, Charlotte conhece Maurice, um francês que em tudo lembrava seu amor inacabado de adolescência com Antoine.

Será que Charlotte colocará a perder o legado da família? Confrontará sua controladora mãe? O mais importante: com as novas escolhas, conseguirá se empoderar enquanto mulher, conhecendo sua alma feminina e encontrando a felicidade?

Resenha

Comecei a ler Charlotte tem um tempinho, mas precisei pausar a leitura, retomando-a agora. Apesar do tempo “em espera”, a história, até o ponto onde parei, permaneceu vívida em minha mente, devido ao tanto que essa personagem me marcou. Confesso que foi uma leitura difícil de digerir, não pelo livro ser ruim, mas por abordar um machismo (muitas vezes velado) tão arraigado em nossa cultura e eu enxergar nas atitudes da personagem quantas coisas nós fazemos (ou deixamos de fazer), justamente por essa cultura estar enraizada em nós.

Charlotte trata de uma auto-descoberta de uma mulher que foi ensinada uma vida inteira que sua existência se resumia em estar sempre bela, arrumar um bom marido e viver para agradá-lo, mesmo que precisasse fazer coisas que ela não gostasse. Durante 22 anos de sua vida, Charlotte foi a esposa perfeita para Connor, a mãe perfeita, mulher exemplar, um verdadeiro troféu, sempre com um sorriso no rosto e um “sim” proferido mesmo nos momentos em que queria dizer “não”. Acompanhamos a trajetória de descobertas e mudanças dessa mulher, começando no presente (ela com 74 anos), voltando ao passado para conhecer o momento em que decidiu mudar o rumo de sua vida e deixar de lado o legado das mulheres Barton, até o presente novamente.

Rafael Lovato trabalha bem todos os conflitos de Charlotte, trabalha tão bem que eu senti vários sentimentos no decorrer da leitura. Eu tive raiva, asco, vontade de entrar no livro e bater na cara de Charlotte e momentos que eu quis abraçá-la. Foi muito difícil ler este livro e ver Charlotte escorregar, ceder e continuar tentando agradar à todos. Por um momento achei que eu não estava gostando do livro, acreditei que era por isso que a leitura não fluiu rápido, mas, na verdade, eu percebi que o que me impedia de avançar com maior agilidade foi o fato de Charlotte representar a Thaisa que fui no passado e que não aceito mais ser. 

É uma leitura sensível, bonita de ler e com um final que deixou meu coração quentinho, feliz, com a certeza de que Charlotte conseguiu encontrar seu verdadeiro legado. Uma obra escrita por um homem que consegue tocar nossa alma feminina de maneira majestosa. 

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