Resenha: Os Condenados de Andrew Pyper

Terror. Uma história que prende, é instigante e bem assustadora. Andrew Pyper sabe provocar o medo em seus leitores de uma maneira sutil, porém aterrorizante.

quatro flores

 

Danny Orchard conseguiu enganar a morte e ganhou uma segunda chance para viver. Só que ele não voltou do inferno sozinho. Em Os Condenados, Andrew Pyper, autor do fenômeno O Demonologista, explora as conexões de amor e ódio entre irmãos gêmeos, numa história sobrenatural digna de pesadelos.
Danny passou por uma experiência de quase-morte em um incêndio há mais de vinte anos. Sua irmã gêmea, Ashleigh, não teve a mesma sorte. Danny conseguiu transformar sua tragédia pessoal em um livro que se tornaria um grande best- seller. Ainda que isso não signifique que ele tenha conseguido superar a morte da irmã. Claro, ela nunca mais o deixaria em paz.
Mesmo depois de morta, Ash continua sendo uma garota vingativa e egoísta, como sempre. Mas agora que seu irmão finalmente tenta levar uma vida normal, ela se torna cada vez mais possessiva. Danny parece condenado à solidão. Qualquer chance de felicidade é destruída pelo fantasma de seu passado, e se aproximar de outras pessoas significa colocá-las em risco.

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Resenha

Assim como O Demonologista, Os Condenados é mais um livro polêmico que divide opiniões. Aliás, pelo que percebi, ou o leitor ama o livro ou simplesmente odeia. Não existe um meio termo. É oito ou oitenta quando se trata de Pyper. Mais uma vez estou do lado dos que gostaram da obra.

Por mais que os livros do autor sejam classificados como um terror, não espere aquela leitura que vai fazer você se tremer inteiro de medo e não conseguir dormir a noite. A escrita do autor não provoca esse medo aterrador. Ela está mais parecida com o que encontramos em Psicose, por exemplo. Aquela leitura que desperta um certo medo, mas de forma sutil, que deixa o leitor o tempo inteiro apreensivo e querendo decifrar todo o mistério. Está mais para uma construção dos fatos, no âmbito psicológico e beirando a realidade.

É impossível escrever essa resenha sem fazer comparações com a outra obra do autor. Diferente de O Demonologista (que mais achei um suspense do que terror), senti um pouco mais de “medo” com essa leitura. Medo não seria bem a palavra correta, talvez tensão se encaixe melhor. Durante toda a leitura aquela sensação de “o que será que Ash vai fazer agora?” é permanente. Por mais que desejemos que ela desapareça e por mais que tudo indique que Danny vai conseguir se livrar do fantasma da irmã, a dúvida e o medo permanecem até a última página, e foi exatamente isso que me prendeu à leitura.

Gosto da escrita e da forma como Pyper constrói suas histórias. Elas não tem  enrolação. Os fatos vão acontecendo e se desenvolvendo de uma forma rápida, com uma escrita fácil que envolve o leitor. Apesar de ter achado algumas partes maçantes (descrições e acontecimentos que ocorreram no “inferno”) e até sem sentido, num geral a leitura foi instigante e me prendeu.

Gostei do livro, mas esperava um pouco mais  dele. Achei que o autor pecou um pouco na construção dos personagens, principalmente na construção de Ash. Ela é uma criatura que dá medo sim, mas, poderia ser melhor trabalhada e despertar um verdadeiro terror nos leitores. O perfil psicológico dela, ao menos aquilo que o autor quis que parecesse ser, é de uma psicopata terrível, porém em determinado momento da história isso se perde e não vemos realmente as maldades que ela é capaz de cometer de acordo com a proposta do livro. Não que eu senti falta disso, pois se o autor se aprofundasse nas maldades dela, a leitura se tornaria muito pesada e essa não é uma característica do autor.

O livro tem uma mensagem escondida nas entrelinhas que é fantástica. Ele fala sobre amor e sobre as consequências de nossas escolhas no âmbito espiritual. Até onde estamos dispostos a nos sacrificar por alguém? Nossas decisões de agora tem influência em como será o nosso futuro na eternidade? O tempo que temos de vida é realmente suficiente para estar ao lado de quem amamos? Esse tipo de pergunta acaba sendo lançada no ar de uma maneira sutil e leva o leitor a refletir sobre essas e outras perguntas que rodeiam nossos pensamentos ao longo das 336 páginas.

Leitura mais do que recomendada. Só lembre que você não está diante de um livro que vai te deixar assustado demais e sem dormir a noite. Bom, pelo menos eu não senti nada disso!

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