Resenha: Pretérito Imperfeito de Gustavo Araujo

Drama. Essa é uma história de amizade, amor, relacionamentos e segundas chances. Um livro que tem um toque dos clássicos, com uma narrativa deliciosamente envolvente que, apesar de ser um drama, acaba deixando um gosto doce na boca e uma sensação de final feliz.

cinco flores

Pretérito Imperfeito é a história de Toninho, o garoto de treze anos, de natureza inquisitiva, que prefere passar os dias observando passarinhos, refugiando-se, solitário, na clareira de um bosque nos limites da cidade.

Também é sobre os dilemas de Cecília, a menina que adora ler e escrever e que, ao lado da mãe, está confinada em sua própria casa, refém das atividades misteriosas em que seu pai está envolvido.

Por fim, é a história de Pedro Vieira, pai de Toninho, desde a infância em um sítio no Rio Grande do Sul, até a paternidade tardia, redentora, talvez, de um passado que ele prefere deixar escondido em uma caixa no alto do armário.

Pretérito Imperfeito entrelaça essas três realidades distorcendo o tempo e o espaço. Falando do amor sofrido pela primeira vez. Do amor por livros e por escrever. Do amor entre pais e filhos. De segundas chances. De reescrever o final da própria história.

 

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Resenha

Sabe aqueles livros que você lê, te surpreende e você gosta tanto que fica sem saber o que escrever sobre ele?  É assim que estou me sentindo com Pretérito Imperfeito. Terminei a leitura e fiquei horas processando as informações e passei mais algumas horas aqui diante do computador para conseguir escrever essa resenha. Resenha essa que foi feita em partes, justamente por estar com dificuldade de transcrever o que senti com a leitura. Vou tentar passar para meus leitores minhas emoções.

No decorrer da narrativa somos apresentados a 3 personagens, cada um com sua história de vida, mas que tem suas histórias interligadas em determinado momento. Eles me fizeram chorar (num determinado momento, muito), sorrir, me apaixonar e torcer por suas vidas.

Toninho, um garoto de 13 anos que perdeu a mãe muito cedo e tem problemas de relacionamento com o pai. Ambos não conseguem se comunicar e são distantes um do outro, apesar do grande amor que existe entre eles. A mãe o ensinou o amor pelas aves e quando não está na escola, Toninho está observando aves nas ruas de sua cidade. O sonho de sua vida é tornar-se cientista e grande observador dos pássaros. Foi esse amor (e por que não, a curiosidade) que o levou a descobrir uma clareira no meio da mata e a conhecer Cecília.

Cecília, também tem 13 anos, mas diferente de Toninho, é uma menina muito rica e mimada que ama ler e escrever. Em determinado momento da história, Cecília se vê numa situação conflituosa com o pai. A vida perfeita que ela tinha não existe mais, e seu pai fez uma viagem misteriosa a deixando sozinha com sua mãe num casarão. A instrução para ambas é que elas fossem o mais discretas possível (isso significa viverem escondidas) até o dia em que ele mandasse buscá-las. Esse dia parecia não chegar nunca. Sentindo-se sufocada e sozinha, a garota resolveu sair um pouco e andar pelo bosque que havia no quintal de sua casa, e acaba chegando à clareira de Toninho. É lá que ambos se conhecem.

Nosso terceiro protagonista é Pedro Viera, pai de Toninho. Um homem marcado pelo passado, ex sargento da polícia, possuidor de um grande mistério que envolve seu tempo na polícia. Apesar de amar o filho, não consegue se comunicar devidamente com ele. É um homem sério, exigente, trabalhador e que parece estar aborrecido o tempo inteiro. Um personagem muito bem construído que não posso falar mais do que isso ou darei spoiler.

Pretérito Imperfeito começa de uma forma suave, despretensiosa. Capítulos intercalados entre Toninho e Cecília, nos mostrando a vida dos dois até o momento em que se conheceram. Cecília nos conta, através de cartas para uma amiga imaginária, coisas do seu dia-a-dia, como seu aniversário de 13 anos, um livro que leu e amou, momentos felizes ao lado do pai… Toninho vai se achegando e nos mostra suas dificuldades na escola, a perda da mãe, o distanciamento do pai, seu amor por passarinhos… Tudo de maneira sutil que vai envolvendo o leitor e o ambientando dentro da história.

Calma, não se iluda. Nem tudo são flores… Antes de continuar preciso falar sobre um dos momentos mais marcantes para mim na leitura. O momento em que Toninho relembra a morte de sua mãe foi devastador para mim. Chorei muito, pois me vi diante da mesma situação. Precisei parar, respirar um pouco e retomar a leitura depois. Apesar de ser uma narrativa leve, todo o livro tem um certo peso, um drama crescente. Acho que a palavra certa seria realidade… toda a narrativa tem um toque de realidade e por isso me senti (creio que os outros leitores também sentirão o mesmo) tão próxima da história e dos personagens.

Depois que nossos meninos se encontram, passamos a conhecer melhor o passado de Pedro Vieira. E que personagem fascinante! Ele me despertou vários sentimentos controversos. Conforme nos aprofundamos em sua história, compreendemos o porquê de suas atitudes. E é justamente aí que em um determinado momento da leitura minha cabeça deu um nó. Cheguei a pensar que tinha pulado algum capítulo porque passei a não entender mais nada do que estava acontecendo. Isso só me levou a querer continuar a ler para descobrir que mistério era esse. Um mistério que envolve a vida dos 3 personagens.

A escrita de Gustavo é muito envolvente e a forma como ele narra os acontecimentos faz a leitura fluir com tamanha naturalidade que é quase impossível parar de ler. Sabe aquela leitura que você não quer parar de forma nenhuma? A sensação que esse livro me passou foi de aconchego, conforto… Tipo uma tarde fria, enrolada num edredom, com uma bela xícara de café e uma leitura agradável. E olha que é um drama! Mas a sensibilidade da escrita é tamanha que parece uma poesia.

Apesar de ter dado 5 estrelas para o livro, tem um ponto que me incomodou. Lembram do grande mistério que envolve Cecília? Pois é, ele não foi explicado de maneira detalhada. Na verdade ele abriu diversas hipóteses em minha mente. Isso não é ruim, pois me fez pensar e deixa o leitor usar a imaginação, mas senti falta de uma explicação para alguns fatos. Gosto quando tenho respostas concretas. As vezes acho que deixei de entender algum ponto quando a narrativa deixa coisas em aberto. Até entendi  que o autor quis focar nos relacionamentos entre Toninho – Cecília e Toninho – Pai, mas na minha mente de leitora-compulsiva-por-resolver-mistérios, faltou essa explicação e acabei recorrendo ao autor para ele me explicar. Pena que não posso contar a vocês… 😀

Essa é uma história de amizade, amor, relacionamentos e segundas chances. Um livro que tem um toque dos clássicos, com uma narrativa deliciosamente envolvente que, apesar de ser um drama, acaba deixando um gosto doce na boca e uma sensação de final feliz.

Esse é um publieditorial. Todas as informações contidas aqui são minha opinião sincera, sem interferência do autor ou editora.

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