Terror. Sarah Lotz tem o dom de prender o leitor com sua escrita, criar um ambiente misterioso e assustador, explorar os medos das pessoas e criar histórias tenebrosas que beiram à realidade. O Quarto dia é tão assustador quanto Os Três.
Em O Quarto Dia, Sarah Lotz conduz o leitor por uma viagem de réveillon que tinha tudo para ser perfeita. Mas às vezes o novo ano reserva surpresas desagradáveis…
Janeiro de 2017. Após cinco dias desaparecido, o navio O Belo Sonhador é encontrado à deriva no golfo do México. Poderia ser só mais um caso de falha de comunicação e pane mecânica… se não fosse por um detalhe: não há uma pessoa viva sequer no cruzeiro.
As autoridades acham indícios de uma epidemia de norovírus, mas apenas descobrem os corpos de duas passageiras. Para piorar, todos os registros e gravações de bordo sofreram danos irreparáveis.
Como milhares de pessoas podem ter sumido sem deixar rastro? Teorias da conspiração se alastram, mas só há uma certeza: 2.962 passageiros e tripulantes simplesmente desapareceram no mar do Caribe.
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Resenha
Sarah Lotz tem uma forma peculiar de escrever seus livros. Depois de ler Os Três, fiquei intrigada com o universo que a autora criou, além de ter me apaixonado por sua forma de escrever e resolvi ler O Quarto Dia.
A princípio, acreditava que esse livro fosse uma continuação do primeiro da série, mas são livros independentes, porém inseridos num mesmo mistério e o segundo volume possui ganchos e personagens existentes no livro anterior.
Enquanto que em Os Três o tema central foram acidentes aéreos, em O Quarto Dia estamos diante de uma catástrofe no mar. Os passageiros do navio “O Belo Sonhador” queriam apenas passar um réveillon divertido e diferente em alto mar, mas não tinham ideia do que encontrariam por lá.
Durante os três primeiros dias tudo ocorreu conforme o previsto: shows, piscina, sol, bebidas. Porém, no quarto dia a coisa começou a desandar. Uma pane inesperada aconteceu e fez o navio ficar a deriva no meio do oceano. Não bastasse isso, toda forma de comunicação foi interrompida. Wi-fi não funcionava, comunicação à rádio não funcionava e os tripulantes fizeram de tudo para não causar o pânico aos passageiros e manter todos o mais confortável possível enquanto trabalhavam para reverter o problema.
Os dia se passaram e o caos se estabeleceu. A ajuda não veio como se esperava, a energia elétrica acabou, a internet continuou sem funcionar, a comida escassa, foi o suficiente para deixar os passageiros no limite. Para piorar a situação, uma mulher foi assassinada e um possível assassino estava à solta no navio. As pessoas começaram a relatar cada vez mais aparições sobrenaturais e um vírus se espalhou rapidamente e assolou os passageiros.
Não podemos esquecer de mencionar a atração principal do Belo Sonhador, a Sra Celine Del Ray, a vidente convidada para o show principal de ano novo. Uma mulher misteriosa e intrigante do começo ao fim.
A sinopse do livro dá a entender que a trama se desenrola depois que o navio é encontrado, mas não é bem assim que acontece. Grande parte do livro está centrada justamente nos dias em que o navio está fora dos radares e à deriva. Acompanhamos tudo o que acontece com os passageiros e tripulantes.
A narrativa é em 3ª pessoa. Os capítulos são divididos por personagens. São 8 personagens principais. Em cada capítulo acompanhamos um pouco do que cada um desses personagens vivencia dentro da embarcação e isso pode ser um pouco confuso as vezes, mas cada capítulo se encerra com um gancho para o próximo. Como falei, a narrativa de Sarah é peculiar. Talvez por ela ser roteirista, eu tenha a impressão de estar assistindo uma série conforme vou lendo o livro. Ela sabe finalizar cada capítulo no ponto certo e tornar a leitura bem dinâmica.
Sou apaixonada pela forma como a autora constrói suas histórias. O clima de mistério está presente do começo ao fim, porém o que me deixa com um grande pé atrás são os finais abertos que ela deixa em seus livros. O mistério central fica sem resposta e isso é frustrante.
É impossível não fazer um comparativo entre os dois livros. Quem leu “Os três” conseguiu fazer algumas conexões com “O quarto dia” e acredito que deu pra clarear um pouco, ou formar alguma teoria sobre o que aconteceu nessas histórias. Depois que o navio aparece, o livro segue o mesmo esquema de narrativa do primeiro livro. Sabemos o que aconteceu através de interrogatórios e informações da mídia, mas não espere por respostas reais ao que realmente aconteceu…
Mistério, teorias da conspiração, crítica a sociedade e religião, sobrenatural… tudo isso continua como pano de fundo para o enredo. Apesar de detestar finais abertos, vou querer ler outros livros da autora e ao que tudo indica ela prometeu em uma entrevista, escrever um livro que trará respostas para os mistérios não revelados nos livros. Para quem gosta de terror e um bom mistério, o livro vale muito a pena.