Entrevista com o autor: Catarina Muniz

Autora Catarina Muniz

Uma das coisas mais legais que me aconteceu quando resolvi entrar para esse mundo da blogosfera foi a oportunidade de conhecer pessoas especiais. Fiz amigos e pude ter contato com muitas pessoas que jamais pensei que teria. Uma dessas pessoas especiais que me deparei foi Catarina Muniz. Uma autora muito talentosa e extremamente querida.

Recentemente Catarina lançou seu segundo livro, A Dama de Papel (resenha aqui) pela editora Universo dos Livros. Lembrando que estamos sorteando (sorteio aqui) um exemplar autografado para nossos leitores.  Catarina foi uma fofa e aceitou participar dessa entrevista que você confere agora.

Entrevista com Catarina Muniz

Autora Catarina Muniz

Minha Contracapa – Me descreva Catarina Muniz.

Catarina – Essa é difícil…sabe que até eu me pergunto isso às vezes? Mas vou fazer o melhor possível: Catarina Muniz é mãe, balzaquiana, funcionária Pública, capricorniana, adora doces e sushi, é fã do U2 desde os 11 anos, adora música – rock, de preferência! – tem o Shih-Tzu mais sem vergonha do mundo, tem poucos amigos, mas é cegamente fiel a todos eles. Também gosta de ler, dançar, cinema, falar alto e gargalhar com a alma. Ela é espontânea, dura na queda, mas muito sensível também. É amante fervorosa das artes e acha o Tom Hiddleston uma coisa linda!

M. C. – Como é seu dia-a-dia?

C. – É corrido. Tudo tem hora: ajudar a filha nos estudos, manter a casa em ordem, cozinhar, ir ao trabalho, à academia, escrever…faço tudo sozinha. Até me orgulho disso: sou mãe, dona de casa, funcionária pública e agora, escritora.

M. C. – Escrever pra você é apenas um hobbie ou você pretende tornar isso sua profissão em tempo integral?

Começou como um mero hobbie, como algo terapêutico. Quando comecei eu enfrentava o auge de uma Síndrome do Pânico, e a escrita era uma distração mesmo. Só que eu tinha várias histórias em minha mente, histórias que crio desde a adolescência. E nesse período, ao me dar conta da quantidade de acessos que o blog estava tendo, resolvi tentar pôr no papel uma dessas histórias. E foi assim que, em dois meses e meio, nascia meu primeiro livro, chamado “O Segredo de Montenegro”. Mas até aí, eu ainda não tinha grandes pretensões. A coisa começou a mudar quando comecei a receber o feedback das pessoas, pois passei a perceber que talvez devesse ser algo além de mero hobbie. E o contrato com uma grande editora consolidou esse pensamento.

M. C. – Sei que você tem uma outra atividade profissional além de escrever, nos conte um pouco sobre ela.

C. – Sou servidora concursada do Governo do Estado de Alagoas desde 2004. Sou formada em Relações Públicas, mas meu cargo é totalmente burocrático, ou seja, tenho muita intimidade com processos e redação oficial. É um bom trabalho, o expediente do Estado é de 6 horas diárias e isso me possibilita ter mais tranquilidade para escrever nas horas vagas.

M. C. – Como você concilia suas funções de mãe, funcionária pública e escritora?

C. – Com um certo estresse durante a semana, pois tudo necessita da minha atenção e tudo tem que ter o tempo certo. Hora para o banho, para o almoço, para sair de casa…mas sou grata, não tenho do que reclamar. Fico feliz de ser capaz de dar conta de tudo, mesmo que às vezes o fardo pese um pouco.

M. C. – Qual foi a reação de sua família quando você anunciou que escreveu um livro? Eles te apoiam? Conte um pouco como é essa rotina.

C. – Minha família, no começo, teve a mesma reação de muitas pessoas: a de uma alegria descrente. Todas as pessoas, sem exceção, me parabenizam quando ficam sabendo que publiquei dois livros, e isso acontece desde o início. Porém, antes, muita gente me olhava com aquela expressão de descrença, até com um certo sarcasmo, como se fosse muito atrevimento de minha parte. No entanto, ao perceber que as pessoas estão lendo, gostando, indicando teu livro, aqueles que duvidavam começam a reconhecer que você tem algo a dizer que merece ser lido. E ao fechar contrato com a Universo dos Livros elas tiveram certeza de que estou no caminho certo.

Catarina Muniz

M. C. – Agora, vamos conversar um pouco sobre seus livros. Seu último lançamento é A Dama de Papel, um romance de época erótico que está fazendo muito sucesso, porém ele não é seu primeiro livro publicado. Me fale um pouco sobre O Segredo de Montenegro.

C. – OSDM é um drama, escrito em terceira pessoa, e conta a história de Eduardo, um psiquiatra, e Evelyn, uma enfermeira solitária que mora na clínica de repouso a qual Eduardo passa a administrar. É na clínica que Eduardo conhece Evelyn e onde boa parte da história se passa. Não é nem de longe um romance simples, de fácil aceitação, pois as atitudes dos personagens são muitas vezes extremadas. Mas, para minha surpresa, o livro teve uma ótima receptividade e muitas pessoas me relataram terem vivenciado um turbilhão de emoções muito distintas com a leitura. Essa foi a parte mais gratificante, sem dúvida.

M. C. – Você sabe que estou louca para ler esse livro também. Em breve postarei a resenha dele aqui. Vamos para a próxima pergunta.

M. C. – Você começou escrevendo contos eróticos em um blog. Como foi essa experiência? Foi de lá que surgiu a ideia de escrever OSDM?

C. – O blog surgiu da necessidade de uma fuga, um escape do meu momento emocional e psicológico. Usei um pseudônimo e comecei destrinchar, em contos e poesias, diversas fantasias sexuais. E não, não se trata nem de longe de textos autobiográficos!

M. C. – Assim como eu você gosta do gênero erótico. Tem outros gêneros que você gosta?

C. – Gosto muito de uma leitura mais leve, como gibis e crônicas de comédia, gosto de textos filosóficos como os de Voltaire, gosto do estilo cru de Charles Bukowski, sou fã da saga Harry Potter…eu não sei, acho que é meio como se apaixonar: não é bem o gênero que conta, mas a “química”.

M. C. – Algum autor te inspirou?

C. – Acho que Bukowski. Não pelo estilo dele, que é bem cru e honesto. Aliás, seria uma estúpida pretensão minha querer me comparar a ele. Mas ele me inspira pela honestidade da escrita, da atitude, das palavras. Pela crença de que escrever não é mera atividade mental, mas um pacto consigo mesmo, é algo que envolve muito suor e lágrimas. É um mergulhar de cabeça!

M. C. – Já conversei com alguns autores que tem uma certa dificuldade em descrever cenas de sexo, mas pelo que pude perceber você não tem essa dificuldade e escreve com muita sensualidade. Estou errada? Você fica tímida ao descrever essas cenas?

C. – De jeito nenhum. Eu basicamente escrevo de uma forma que eu gosto de ler. Não tenho qualquer problema com palavrões ou uma linguagem mais chula, contanto que esteja em harmonia com a história e com o perfil dos personagens. Acho muito fácil alguém falar algo como “pau” e “buceta”, perdoem-me os termos, e chamar isso de erótico. O erotismo é sutil. Ele brinca, ele acende a faísca, mas o incêndio tem que ficar por conta da imaginação do leitor. Senão a leitura pode ficar facilmente maçante e repetitiva.

Catarina Muniz e A dama de Papel
M. C. – A dama de papel acaba de ser lançado, mas como sua fã, acredito que essa seja uma pergunta de todos os seus leitores: tem algum livro novo vindo por aí?

C. – Há um terceiro livro sendo analisado pela editora, que é o primeiro de uma trilogia e também minha primeira aventura fantástica. Tenho muito carinho por ele e espero que seja aprovado. Fora isso, estou tentando conciliar a escrita do quarto e do quinto livros!! E já adianto que está complicado, mas está indo bem.

M. C. – Tem algum livro que você leu e que você vai levar pro resto da vida? Qual?

C. – Nossa, tem tantos…”Mulheres”, de Bukowski, a biografia de Vicent Van Gogh de cujo autor infelizmente não me recordo, Harry Potter também me deixou encantada…creia ou não, “O Menino Maluquinho” marcou demais a minha infância e “O Pequeno Príncipe” é muito delicado e inesquecível…olha, difícil, são muitos. Mas esses são bons exemplos.

M. C. – Me fala um pouco sobre seu processo de escrita de A dama de papel. Quanto tempo você levou para escrever? Foi fácil? Por ele ser um romance histórico rolou uma pesquisa antes…

C. – O processo foi similar ao dos outros livros: a história veio de repente, sem aviso, com começo, meio e fim. Levei mais ou menos 9 meses para escrevê-lo. Escrever um livro nunca é fácil, mas também não é nem de longe um bicho de sete cabeças. Acredito que tudo depende do envolvimento do autor com a história e com os personagens. A pesquisa rolou sim, mas eu já tinha uma base excelente proveniente dos meus estudos para prestar o concurso de admissão à carreira Diplomática, mais especificamente do livro “A Era do capital”, do historiador Eric Hobsbawm. Esse livro disseca todo esse momento de Revolução Industrial no continente europeu, o acúmulo de capital, a ascensão da burguesia, a explosão demográfica e tantas outras características da Era Vitoriana que eu não poderia ignorar.

M. C. – O que foi mais complicado pra você no processo entre escrever e publicar seus livros?

C. – Domar a ansiedade!! (Risos). Eu pesquisei muito enquanto escrevia os livros, enquanto registrava e enviava os originais e aprendi na marra que a paciência e a perseverança são cruciais para que se consiga chegar a algum lugar. Grande parte das editoras demoram uma média de 6 meses para dar uma resposta e algumas levam até 9 meses ou 1 ano para dizer algo sobre a sua obra. É muito tempo para você imaginar o que pode dar errado, para se questionar se está no caminho certo, se seu trabalho é mesmo tão válido quanto você imagina, se é digno de leitura…enfim, para mim, essa é a parte mais complicada, sem dúvida!

M.C. – Você conseguiu publicar seu livro em uma editora grande e bem conhecida, porém nós sabemos que nem todo autor nacional tem essa mesma chance. Você acha que existe uma dificuldade em aceitação de autores nacionais por parte das editoras?

C. – Creio que sim. Mas acredito que isso se deve em parte por causa das editoras e em parte por causa dos leitores também. Muitos deles não dão oportunidade para os autores nacionais por acreditarem que são trabalhos inferiores, ideia extremamente equivocada diga-se de passagem. Mas eu percebo que, apesar de ser algo ainda muito forte, esse panorama está se transformando aos poucos, pois temos vários exemplos de autores nacionais com uma legião fiel de fãs. Já vi até mesmo perfis de Facebook e de Instagram voltados exclusivamente para a divulgação de autores nacionais. Isso é fantástico! Além disso, algumas editoras, como a própria Universo dos Livros, têm buscado valorizar mais a produção literária nacional. A prova é que, além de mim, a UDL lançou recentemente mais três novos autores no mercado nacional, que são o Danilo Barbosa, a Maribell Azevedo e a Camila Ferreira, todos com um trabalho excelente à disposição dos leitores do Brasil.

Autora Catarina Muniz

M.C. – Deixe uma dica para aquelas pessoas que tem seu livro escrito e gostariam de publicá-lo. Como foi esse processo pra você?

C. – Bem, para quem já tem o livro escrito, em primeiro lugar eu devo dar meus sinceros parabéns!! É uma bela conquista que merece todo o reconhecimento. Quem deseja publicar, eu sugiro que, antes de tudo, registre seu original. A Lei de Direitos Autorais protege qualquer obra autoral independente de registro, mas além de ser uma segurança a mais, algumas editoras, como a Rocco, exigem que a obra esteja registrada como condição para ser avaliada. Depois disso eu aconselho que os aspirantes façam um apanhado das editoras que publicam o gênero ao qual o autor se dedica. De nada adianta enviar um livro erótico para a FTD, por exemplo, que só publica livros didáticos. Escreva uma boa carta de apresentação, envie o original revisado para o maior número de editoras e…aguarde! Você terá sim algum gasto para enviar os originais impressos, mas vai valer a pena. Não desanime no primeiro “Não” que receber. E nem no segundo, terceiro, quarto…é um processo longo pra maioria dos escritores. E claro, há sempre a autopublicação e plataformas como o Wattpad, que têm sido um meio bastante procurado por autores e leitores.

M. C. – Seus personagens tiveram alguma inspiração em pessoas reais? Como você cria seus personagens? Eu por exemplo se fosse escrever um livro teria muita dificuldade em escolher os nomes…

C. – Eu não costumo me inspirar em pessoas, mas em comportamentos, em sentimentos muito humanos. Creio que meus personagens têm sempre um pouco de mim, da minha vivência, das minhas ideias, opiniões, sentimentos…das minhas tristezas e alegrias, da minha sensibilidade mesmo. Acho que os personagens sempre ganham algo seu e te dão algo em troca. É uma relação meio louca até, sabe? Eu me pego muitas vezes tendo que parar a escrita para fazer alguma coisa e fico ansiosa para voltar e escrever o que vai acontecer depois! É como se os personagens me chamassem, me pedissem para decidir suas vidas, me dissessem “Vem logo, me escreve!!”

M. C. – Catarina minha querida, adorei conversar com você. Muito obrigada mesmo. Deixe um recadinho para seus fãs e leitores do Minha Contracapa.

C. – Eu que agradeço o espaço e o carinho que o Minha Contracapa sempre demonstra comigo e com meu trabalho, é um blog excelente, feito com muito esmero e será sempre um prazer conversar com seus seguidores. Espero que aqueles que apreciam um romance de época com altas doses de sensualidade possam conferir o meu trabalho e claro, me contar o que acharam do romance entre Molly e Charles.

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