Resenha: Céu Sem Estrelas de Iris Figueiredo

Jovem Adulto. Faz tempo que li um livro onde me identifiquei tanto com uma personagem. Demorei 32 anos da minha vida para me aceitar como sou, mas algumas cicatrizes ficam e as vezes é difícil lidar com elas. A gordofobia é algo horrível. Pense nisso!

Um romance sensível e envolvente sobre autoestima, família e saúde mental.

Cecília acabou de completar dezoito anos, mas sua vida está longe de entrar nos trilhos. Depois de perder seu primeiro emprego e de ter uma briga terrível com a mãe, a garota decide passar uns tempos na casa da melhor amiga, Iasmin. Lá, se aproxima de Bernardo, o irmão mais velho de Iasmin, e logo os dois começam um relacionamento.
Apesar de estar encantado por Cecília, Bernardo esconde seus próprios traumas e ressentimentos, e terá de descobrir se finalmente está pronto para se comprometer. Cecília, por sua vez, precisará lidar com uma série de inseguranças em relação ao corpo — e com a instabilidade de sua própria mente.

“Uma história brilhante sobre encontrar a sua força mesmo quando não há esperanças. Iris escreve com uma sensibilidade incrível e dá voz aos jovens que vivem a busca constante pelo seu lugar no mundo.” – Vitor Martins, autor de Quinze Dias

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Resenha

Gordofobia, baixa autoestima, saúde mental e família, quatro temas que me afetam de uma forma grandiosa e que tornaram essa leitura uma das favoritas do ano pela forma como a autora abordou os temas.

Cecília e Bernardo, nossos protagonistas e narradores, cada um com seus dilemas, problemas e traumas. Cecília  acaba de completar 18 anos e como presente de aniversário recebe sua carta de demissão. Ela tenta lidar com a não aceitação de seu corpo, o sentimento de rejeição por parte de sua família e uma autoestima mais baixa que um hobbit! Totalmente insegura com seu corpo, se sentindo culpada por tudo em sua vida e expulsa de casa, procura abrigo na casa da melhor amiga Iasmin e lá, se aproxima mais de Bernardo, sua paixonite desde sempre.

Bernardo também carrega  sua carga de problemas e não se sente preparado para assumir um relacionamento com ninguém. Ao se deparar com uma Cecília que despertou um interesse repentino nele, não sabe como agir e esse “relacionamento” pode não sair bem como o esperado.

Comecei a ler  por indicação de minha amiga, de forma despretensiosa, crendo que seria mais um jovem adulto com uma história gostosinha  de ler e ao abrir o livro, já no prólogo, senti como se tivessem me dado um soco no estômago. Apesar da autora abordar os temas de maneira leve, colocando os personagens em situações até engraçadas, a narrativa tem uma carga bem densa e profunda.

Demorei 32 anos da minha vida para me aceitar como sou. Sofri muito com a gordofobia e passei por situações muito parecidas com as de Cecília. Problemas de autoestima baixa, sanidade mental a ponto de ir pelos ares, insegurança, depressão, solidão… tudo isso me acompanhou por muito tempo e foi quase impossível não me identificar com essa personagem que pareceu me descrever em cada palavra escrita.

Escrever essa resenha é muito difícil. Na verdade, é muito difícil colocar em palavras aquilo que senti com a leitura. Só sei que tudo foi leve e ao mesmo tempo profundo; foi dolorido e um bálsamo. Me emocionei, senti tudo junto com a personagem, recordei sentimentos que ficaram no passado e terminei a leitura com a sensação de que “eu consegui superar”.

– Não existe um céu sem estrelas, Cecília. Mesmo quando estão cobertas pelas nuvens, ainda estão lá. A gente só não consegue enxergar.
– É como a esperança – ela comentou, pensativa. – Sempre existe uma saída, mesmo que a gente não consiga enxergar.

O enredo foi muito bem trabalhado pela autora. O que mais gostei foi que no final as coisas não se resolveram milagrosamente. Íris deixa bem claro que os problemas enfrentado pela personagem – e por todos que estão ao seu redor – não se resolve de uma hora pra outra, é algo gradativo, um dia após o outro. Isso tornou a história bem real pra mim. Realmente é assim, um dia de cada vez, uma vitória por dia e a vida segue em frente.

Super recomendo essa leitura. Na verdade todo mundo deveria ler, não só pessoas que passam por problemas parecidos. Precisamos compreender que nossas atitudes (que julgamos inofensivas) podem ter um peso muito grande na vida de outra pessoa e isso pode significar a “morte” da mesma para muitas outras coisas.

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