Resenha: A morte e os seis mosqueteiros de Anatole Jelihovschi

Livro A Morte e os seus mosqueteiros

Romance Policial. Do ponto de vista da vítima, Anatole construiu uma história densa, repleta de ação, suspense e com um final inesperado e eletrizante que vai surpreender o leitor.

cinco flores

Em seu novo romance policial, Anatole Jelihovschi mergulha fundo no cotidiano das infâncias perdidas, dos relacionamentos partidos, das oportunidades que tantos ainda acreditam distantes demais da realidade.

A morte e os seis mosqueteiros é a história de seis garotos muito amigos de uma favela. Quando crianças, tudo era uma grande brincadeira. Os meninos gostavam de se imaginar nos mundos de capa e espada, ou na peça ‘O fantasma da ópera’, mas na verdade moravam em uma favela violenta, com bandidos e policiais trocando tiros e matando gente. Ainda quando a infância sequer os havia deixado, a violência e o tráfico na comunidade em que viviam, de uma forma ou de outra, acabariam por envolvê- los em uma teia de morte, assassinando seus sentimentos, valores e, principalmente, sua amizade.

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Resenha

A morte e os seis mosqueteiros é um livro bem peculiar. Quando a editora Jaguatirica entrou em contato informando sobre o book tour desse livro e vi que era um romance policial, imediatamente aceitei participar. Ao ler a sinopse e ver que se trata de um livro ambientado aqui no Brasil, especificamente nas favelas do Rio de Janeiro, automaticamente me interessei pela leitura. Porém, esse é um romance policial bem diferente daqueles que estou habituada a ler. Explico abaixo.

Geralmente os romances policiais são narrados pela visão da policia ou do investigador. Nesse livro o autor ousou. Anatole nos apresenta uma narrativa na visão da “vítima”. Acredito que por ser algo fora do habitual, não senti que estava lendo um romance policial, afinal, onde está o lado investigativo da coisa? Eu achei isso fascinante. Foi uma nova experiência para mim e foi muito interessante. Não senti falta da investigação, pois a história é tão envolvente quanto.

José Antônio – ou Zé pequeno, ou Zequinha – é nosso protagonista e narrador. O livro é narrado em primeira pessoa e tudo se passa na visão de Zequinha. É quase um livro autobiográfico do personagem. Ele inicia contando sua infância e com uma narrativa linear acompanhamos o crescimento do protagonista com suas lutas diárias para sobreviver em uma favela dominada por traficantes, onde os moradores são tão prisioneiros quanto quem está a mercê da bandidagem do lado de fora. Enquanto criança, Zé pequeno brinca com seus 5 amigos (os seis mosqueteiros) e conforme vão crescendo cada um toma um rumo e infelizmente, a maioria vai para o mundo do crime. Mas, Zé pequeno nos prova que nem todos são “produto do meio”.

O autor relata nessa obra todos os horrores de uma favela. Desde a vida difícil de pessoas que tentam escapar da miséria até o medo constante de ser escolhido como um x9 (dedo duro) e sofrer todo tipo de tortura nas mãos dos traficantes, ou até mesmo morrer em meio ao tiroteio entre policiais e bandidos. Aliás, a morte é uma constante na vida dessas pessoas que acabam se “acostumando” a ela, já que isso é algo tão corriqueiro.

A narrativa é muito densa. Simples mas ao mesmo tempo muito intensa. O autor descreve com alguns detalhes fatos chocantes e em alguns momentos senti um embrulho no estômago, pois parecia sentir os odores ali descritos. Porém, o autor conseguiu deixar a narrativa mais fluida usando uma linguagem fácil, pois nosso narrador não tem muito estudo e não precisa usar palavras difíceis para retratar sua realidade.

Com um enredo cheio de ação, mistério, mortes, sangue, horror e um final completamente inesperado, o leitor se sente inserido em uma realidade que (infelizmente) muitos brasileiros precisam conviver diariamente. Isso é triste. Uma realidade mostrada de forma crua que me fez parar muitas vezes em meio à leitura para respirar um pouco. São 140 páginas que despertam fortes emoções no leitor.

O livro é muito bem escrito e enche sua cabeça de perguntas que precisam de respostas e isso te impulsiona a ler a próxima página. Apesar de ser uma leitura densa, consegui ler o livro em uma tarde e foi uma experiência fascinante. Fiquei chocada com a conclusão que o autor nos apresentou e tenho certeza que ninguém vai esperar por isso.

Se você gosta e romance policial e quer ler algo completamente diferente do que está acostumado, recomendo essa leitura, mas esteja preparado para fortes emoções!

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