Resenha – A extraordinária viagem do Faquir que ficou preso em um armário Ikea de Romain Puértolas

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Lançamento de Abril da Editora Record. Um livro leve, engraçado e muito gostoso de se ler. O autor trata da imigração ilegal na Europa de uma maneira inteligente, divertida e muito sagaz. O livro tem um final feliz e livros com finais felizes são sempre ótimos!

Ajatashatru era célebre em todo o Rajastão por engolir espadas retráteis, comer cacos de vidro de açúcar sem calorias, enfiar agulhas falsas nos braços e por um monte de outros truques de prestidigitação dos quais ele era o único, além de seus primos, a conhecer o segredo, e aos quais ele dava de boa vontade o nome de poderes mágicos para seduzir as multidões. p.16

A figura de um faquir está associada a meditação, treinamento e magia. Ajatashatru Ahvaka Singh se intitula um faquir profissional. É nisso que os inocentes habitantes de sua vila, Kisheyogoor (deve ser pronunciado como quiche e iogurte) – na Índia –  acreditam. As pessoas da vila atribuem a ele poderes sobre-humanos, como a capacidade de furar a própria língua, encantar cobras e levitar. Porém, na realidade a sua maior habilidade é enganar os outros usando truques, embustes e trapaças. São anos de treinamento e ele se tornou um exímio charlatão.

Um certo dia, Ajatashatru decidiu viajar para a França, para comprar uma cama de pregos (inoxidáveis) para faquires – cama com 15 mil pregos (inoxidáveis) de altura ajustável, modelo vermelho-puma e de verdadeiro pinho sueco – e conseguiu fazer com que toda a vila custeasse a sua viagem. Munido com uma única nota falsa de 100 euros impressa apenas de um lado, sua aventura inicia rumo à loja de móveis Ikea.

Na França, seu primeiro contato (e início da aventura) é com um taxista cigano que se julga esperto e tenta enganá-lo. Depois, com um vendedor sósia de Elton John e uma bela francesa chamada Marie. Mesmo não sendo um faquir de verdade, ele possui a determinação de um e não vai ser a beleza da francesa com rosto de boneca de porcelana que o afastará de sua missão, que é comprar a cama de pregos.

Sem dinheiro e sem ter reservado um hotel para passar a noite na cidade, Aja tem a brilhante ideia de passar a noite ali mesmo na loja. A noite, desfrutando da solidão da Ikea ele se assusta ao ouvir vozes dos funcionários e entra em um dos armários para se esconder. Para sua sorte não é encontrado, mas para seu azar, se esconde justamente no armário que seria despachado para outro país. Ele não fazia ideia de onde estava se metendo e para onde estava sendo transportado.

Sem saber se aquelas vozes eram de amigos ou inimigos, o faquir prendeu a respiração. Por amigo, ele entendia qualquer pessoa que não ficasse chocada ao encontrá-lo dentro daquele armário. Por inimigo, todos os demais: empregados da Ikea, policiais, a eventual compradora do armário, o eventual marido da compradora, voltando do trabalho e achando um indiano de meias dentro do novo armário. p. 68

Sua epopeia do século XXI está apenas começando e durante suas muitas viagens, o faquir trambiqueiro conhecerá muitas pessoas. Alguns serão seus amigos e outros seus inimigos mortais.

– Quem é? – perguntou sua mulher, que via pela primeira vez aquele homem de turbante, rosto moreno atravessado por um bigode, grande, seco e nodoso como uma árvore. p. 113

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Resenha

Quando vi o lançamento desse livro pela Editora Record logo me interessei por ele. O título enorme logo me chamou atenção e a julgar pela insinuação do mesmo, acreditei que seria uma leitura bem engraçada. Eu não estava errada.

Tratando de maneira inteligente, divertida e muito sagaz o “problema” da imigração ilegal europeia, o autor conseguiu me arrancar muitas e muitas risadas. Apresentando como personagem principal um faquir trambiqueiro (Ajatashatru Ahvaka Singh) que tem uma mudança de vida após conhecer algumas pessoas que o fazem mudar seus pensamentos em relação à vida que levava durante sua viagem, o autor mistura fatos reais que presenciou durante sua experiência como policial nas fronteiras da França com uma incrível imaginação e muito bom humor. As descrições das pessoas são sempre bem detalhadas (com um ar de humor) e as indicações de como se pronunciar os nomes são hilárias!

A leitura é extremamente agradável. Tem momentos de suspense, humor e até romance. Além disso o autor passa uma mensagem de mudança pessoal independente de qual cultura pertencemos. O personagem é apaixonante e conforme fui conhecendo o desenrolar da trama, comecei a torcer para que Aja tivesse um final feliz.

Adorei a capa e o acabamento dela. O desenho do armário está em alto relevo contrastando bem com o amarelo; achei a capa bem mais bonita do que a versão francesa. As folhas amareladas são ótimas para leitura e não achei nenhum erro ortográfico. A revisão foi perfeita.

Resumindo: Um livro leve, engraçado e muito gostoso de se ler. Super recomendado para quem quer conhecer um pouco mais sobre o que acontece na imigração europeia ou para quem simplesmente quer ler uma ótima história e dar muitas risadas com as aventuras do Acha que está cru!

[important]Minha Nota: 10,0[/important]

Ficha Técnica

A_EXTRAORDINARIA_VIAGEM_DO_FAQUIR_QUE_FI_1396631598PTítulo: A extraordinária viagem do Faquir que ficou preso em um armário Ikea
Autor: Romain Puértolas
Editora: Editora Record
Tradutor: Mauro Pinheiro
Acabamento : Brochura
Edição : 1 / 2014
Idioma : Português
Número de Paginas : 256

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